Perfil dos Alunos para o Século XXI

O “perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória” ou, como aparece nos media, “Perfil do aluno para o século XXI” é tudo menos um documento irrelevante.

“A Lei de Bases do Sistema Educativo data de 1986. A escolaridade obrigatória, dos 6 aos 18 anos, foi estabelecida em Portugal em 2009, sendo mais alargada do que a existente em diversos países europeus. No entanto, até hoje nunca foi estabelecido um perfil de saída dos alunos após os 12 anos de escolaridade obrigatória.

O que se pretende que os alunos saibam no final destes doze anos? Que conhecimentos deverão possuir? Que competências? Que princípios? Que cidadão pretendemos para o jovem que termina os 12 anos de escolaridade? Que visão deverá ter do mundo, da sociedade e da realidade? Que valores deverá possuir? Que competências-chave deverão dominar, neste mundo em rápida e constante mudança?

Em muitos países, nomeadamente nos escandinavos, os modelos educativos têm vindo a ser alterados. Nesta nova visão, os paradigmas não se devem focar exclusivamente nos conhecimentos mas igualmente no desenvolvimento de competências mobilizadoras de capacidades e de atitudes.

Deste modo, os futuros cidadãos portugueses, detentores dos 12 anos de escolaridade, deverão saber que as suas necessárias competências terão de ser combinações complexas de conhecimentos, capacidades e atitudes que permitam uma efetivação humana em contextos diversificados, sendo essas competências de natureza cognitiva e metacognitiva, social e emocional, física e prática…

[No prefácio do Perfil de Saída do Aluno no Final da Escolaridade Obrigatória], Guilherme d’Oliveira Martins refere os Sete Pilares estabelecidos por Edgar Morin: prevenção do conhecimento contra o erro e a ilusão; ensino de métodos que permitam ver o contexto e o conjunto, em lugar do conhecimento fragmentado; o reconhecimento do elo indissolúvel entre unidade e diversidade da condição humana; aprendizagem duma identidade planetária considerando a humanidade como comunidade de destino; exigência de apontar o inesperado e o incerto como marcas do nosso tempo; educação para a compreensão mútua entre as pessoas, de pertenças e culturas diferentes; desenvolvimento de uma ética do género humano, de acordo com uma cidadania inclusiva.

O documento apresenta oito Princípios fundamentais: um perfil de base humanista; educar ensinando para a construção efetiva das aprendizagens; incluir como requisito de educação; contribuir para o desenvolvimento sustentável; educar ensinando com coerência e flexibilidade; agir com adaptabilidade e ousadia; garantir a estabilidade; valorizar o saber.

No capítulo relacionado com a Visão apresentam-se nove pontos, valorizando as literacias, a autonomia, a sustentabilidade, o espírito crítico e criativo, a aprendizagem ao longo da vida, o espírito democrático, a inclusão social, entre outros.

No ponto relativo aos Valores, destacam-se a responsabilidade, a integridade, a excelência, a exigência, a curiosidade, a reflexão, a inovação, a cidadania, a participação e a liberdade.

Princípios, valores e competências são realmente bem-vindos a este retângulo…” (Pedro Mota Curto, In as Beiras de 07 de março de 2017)

Aqui encontra o dossier “Perfil dos Alunos à saída da escolaridade obrigatória”, com uma composição de artigos de opinião e com os principais documentos na área.

 

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